"Enquanto não superarmos a ânsia do amor sem
limites, não podemos crescer emocionalmente.......Enquanto
não atravessarmos a dor de nossa própria solidão,continuaremos a
nos buscar em outras metades. Para viver a dois, antes, é necessário
ser um."
- Fernando Pessoa -
Um. A essência, no fundo. Aquilo em que nos transformamos no exacto momento da nossa concepção, que carregamos ao longo da nossa existência e que, inevitavelmente, consolidamos no momento da nossa morte.
O centro. A vida no seu termo mais exacto. A origem e o fim de tudo o que nos toca.
No entanto, ao longo do nosso percurso, esse Um, essa essência, esse centro que somos, tem por missão enriquecer-se, crescer e tornar-se mais uno e próximo do Ser total que, algures, dentro de nós encerramos. E isso só é possível através da partilha; esta, por sua vez, só é possível através do Amor. Sem limites mas igualmente sem ânsia. Total na sua formulação, segmentado na forma como o distribuímos, o Amor procura e procura-se entre nós, seja por metades, seja por colectivos; através da nossa própria solidão, enriquecendo-se com as dores que sentimos, engrandecendo-se pelos actos que cometemos: desde os mais grandiosos, aos mais insignificantes, desde que o último destinatário sejamos nós, através do que proporcionamos aos outros. Escrevendo, pintando, cantando, reflectindo, trabalhando, sendo voluntários, abraçando ou simplesmente...sendo; sendo o que somos, pelo melhor que podemos ser para nós e para quem nos rodeia.
Usando as palavras do poeta, diria que para viver, seja com quem for, onde for, como for, antes, é de facto necessário saber ser um em todos os momentos que cruzam essa vida.