domingo, 28 de novembro de 2010

Caetano Veloso - Os Argonautas


Os Argonautas navegam, não precisam viver! Será mesmo assim, ou a mensagem que devemos reter é a de que viver é, no fundo, um acto de permanente navegação? À vista, como em tempos remotos.
Um farol, uma luz, eis o que vamos precisando para enfrentarmos os tormentosos dias da nossa navegação.
A forma, a matéria que usamos para navegar, pouco ou nada importa. O que verdadeiramente importa é ... a luz; a luz que vamos descobrindo em cada saída de porto para nos guiarmos ao longo do caminho que traçamos usando as balizas que nos vão sendo fornecidas.
Navegar não é fácil. Viver também não. Mas ambos são precisos, pois que a essência de um radica na arte do outro.
Assim o navio"Argo" ( o Príncipe Grego dos cem olhos) e os seus arrojados tripulantes partiram à conquista do Velo de Ouro na Colquídea.











domingo, 21 de novembro de 2010

Observando





A paz que nos pode acometer num dia chuvoso de Outono, pode bem ser um assomo de melancolia disfarçado de bem-estar.

Ainda assim, bem observado, um dia de Outono pode ser algo de muito belo. E mesmo que exista essa tal dissimulação, de tão subtil, apenas deve servir par nos lembrar que a vida também é Outono.


quinta-feira, 18 de novembro de 2010


A afeição é algo de que dificilmente nos conseguimos apartar, sob pena de empedernir-mos o coração e daí fazer definhar a alma. Por muito que a afeição não se revista dos contornos com que sonhamos e idealizamos, se ela estiver presente, seja de que forma fôr, estaremos sempre ao abrigo da indigência emocional.

Como escreveu Goethe, no seu maravilhoso "Werther":

"O homem é sempre homem! E o pouco juízo que um possa ter a mais do que outro nada pesa na balança quando as paixões se desencadeiam, ou quando são ultrapassados os limites prescritos à condição humana.
...
É uma verdade incontestável: não há no mundo nada mais necessário ao homem do que a afeição."

domingo, 7 de novembro de 2010

Pessoa


Aconteceu-me do alto do infinito


Aconteceu-me do alto do infinito
Esta vida. Através de nevoeiros,
Do meu próprio ermo ser fumos primeiros,
Vim ganhando, e através estranhos ritos

De sombra e luz ocasional, e gritos
Vagos ao longe, e assomos passageiros
De saudade incógnita, luzeiros
De divino, este ser fosco e proscrito...

Caiu chuva em passados que fui eu.
Houve planícies de céu baixo e neve
Nalguma coisa de alma do que é meu.

Narrei-me à sombra e não me achei sentido.
Hoje sei-me o deserto onde Deus teve
Outrora a sua capital de olvido....

Fernando Pessoa Soneto X - Passos da Cruz (1913-1916)

sábado, 6 de novembro de 2010

Relíquias na Figueira


Estamos num tempo em que é ecologicamente incorrecto afirmar-se como apreciador de automóveis.
Não resisto contudo a declarar-me fã desta que é a mais fantástica máquina inventada pelo homem. No caso destas "relíquias", trata-se mesmo de obras de arte e engenho.



Packard, o Rolls Royce Americano.






O mítico "Silver Ghost" ou o superlativo da construção automóvel!




E depois há os que preferem uma tarde de pesca na extensão do molhe Norte.


terça-feira, 2 de novembro de 2010



Há dias em que a cor impera. À nossa volta, a luz, o calor, a presença dos outros e como que uma imensa alegria que estranhamente e sem explicação nos invade, fazem esquecer as coisas pequenas que igualmente nos rodeiam; estas passam agora despercebidas...


Noutros dias, é apenas a serenidade, a quietude, uma percepção ligeiramente desfocada que nos envolve, e assim de certa forma nos tranquiliza dos males do mundo, pois o que deles percebemos é apenas ténue...



Outros há no entanto, que apenas nos deixam entrever o mundo para lá de um pequeno e distorcido olhar. Nem a mais bela e frondosa das paisagens se percebe na sua magnitude; tudo é pequeno e escuro, tudo nos atormenta e confronta; apenas a sombra nos conforta. Nesses dias, se nos for possível, devemos parar, escutar a alma, ser solidários com o nosso próprio ser e não tentar vencer a sombra; afinal ela também faz parte de nós e com ela crescemos para a luz.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

O Inverno a chegar...






"A bondade e o amor, na sua qualidade de ervas medicinais e energias mais benéficas nas relações humanas, são achados tão preciosos que bem se poderia desejar que, na aplicação destes remédios balsâmicos, se procedesse tão economicamente quanto possível. No entanto, isso é impossível. A economia da bondade é o sonho dos utopistas mais ousados."

(Friedrich Nietzsche)

A aura de Outono faz-nos sentir necessitados de dar e receber aconchego.
A percepção de tempos de economias forçadas não nos deve impedir de aplicar estes bálsamos essênciais à nossa sobrevivência, sem medidas pré-estabelecidas, sem objectivos pré-determinados, sem pretender obter nada de mais em troca. Daí dependem a nossa própria paz e o nosso caminho de crescimento. Será possível? Será apenas mais uma utopia?