Hoje, dia em que o abrandamento da borrasca que nos tem assolado permitiu, fui espreitar o mar lá para os lados do Cabo Mondego.
sábado, 19 de fevereiro de 2011
sábado, 5 de fevereiro de 2011
Fim-de-semana em Lisboa
Fim-de-semana em Lisboa
Parque Eduardo VII
Esta senhora apercebeu-se da máquina fotográfica. Nesse mesmo instante, cobriu a face com uma espécie de mantilha que trazia pelos ombros. Quando passou por mim, balbuciou a seguinte palavra: "vergonha...!"
Não tive coragem de a fotografar de face, mas não pude deixar de registar a sua passagem pelo meu caminho. Assim vai a pobreza envergonhada de Lisboa...
Fim-de-Semana em Lisboa
Fim-de-Semana em Lisboa
terça-feira, 1 de fevereiro de 2011
Aniversário
31 de Janeiro de 2011. O meu pai fez 95 anos.
Apesar de ter terminado a sua caminhada há já longo tempo, continua bem vivo na minha memória, e bem presente na minha existência.
Foram precisos alguns anos para que tomasse plena consciência da falta que ele me fez; do vazio que deixou na minha vida. E para assumir que, grande parte das minhas insuficiências, fortaleceram a sua existência nessa falta. Sem dramatismos, uma vez que todos nós temos insuficiências que a vida nos vai convidando a superar, penso que cheguei a um tempo em que me é necessário afirmar esta "falha", e assim libertar-me dela, mantendo toda a admiração que o meu pai me merece, tal como mereceria se aqui estivesse, perto de mim.
Admito que a presença de um pai pode ser, de alguma maneira "castradora", mas por outro lado, sei que a sua ausência pode significar uma permanente "amputação" de algo essencial ao nosso crescimento pleno. No meu caso foi. Sobretudo porque ele saiu de cena muito cedo na minha vida.
Do que me lembro e do que me foi sendo relatado ao longo dos anos, era um homem forte, destemido, empenhado, criativo, dotado de uma inteligência bem vincada, dedicado aos seus, presente, algo temperamental, teimoso e nem sempre pronto a ceder, mas justo. Pertenceu a uma geração que enfrentou um mundo de dificuldades, bem sentidas na pele, e a todas elas fez frente da melhor maneira que soube e pôde. Cometeu, como todos nós, alguns erros de percurso e nem sempre terá sido capaz de tirar as devidas ilações desses erros em tempo útil. Era apenas um homem. Um ser humano. Tinha uns grandes olhos azuis, de um azul profundo e cristalino. Aquele tipo de olhos que engolem a vida. Que se alimentam da luz da vida. E assim, quando os fechou permanentemente, criou involuntariamente um grande vazio onde antes existia um enorme espaço por si ocupado.
Sei hoje que a vida é um bem raro, precário, mas igualmente muito mais extenso do que apenas o tempo que medeia o nascimento e a morte. É por isso que o recordo. E recordarei sempre.
Verão de 1977.
Memória de um tempo. Só falta um elemento,
que nunca foi muito fã de praia...
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