sábado, 30 de outubro de 2010

Figueira da Foz





O rio, omnipresente na Figueira.

Figueira da Foz




A luz de Outono que chega...

Figueira da Foz


Certains soirs, je descends ,

D'un sous toit face au Nord,

Triste comme un chien noir,

Et pars longer le temps,

Las, du côté du port,

Pour me perdre et rêver

Sur le quai des voiliers.

Il n'y a rien à voir.

Mais toujours, je m'arrête,

Devant un que j'attends,

Et qui attend, désert.

A-t-il un équipage ?

Qui est son capitaine ?

Quel sera son voyage ?

Par une nuit d'hiver,

Je monterai à bord,

Pour partir sans regrets,

Porté par le reflux,

Glissant sur des reflets

Muets de lune rousse.

Je trouverai le chenal

Et gagnerai le large,

Cinglant à perte d'en vie

Vers les mirages bleus,

Drapés de dunes roses,

Parsemés d'oiseaux blancs.

Au milieu des tempêtes,

Tu seras mon refuge.

J'épouserai tes flancs,

Pour frémir avec toi

Des vagues en furie,

A mille lieues des foules.

Et close l'écoutille,

Apaisées les rafales,

Je laisserai la houle

Te bercer en moi

… Infiniment.

"Anonyme"




A marina de recreio do porto da Figueira, agora aumentada.

domingo, 24 de outubro de 2010

Desassossego


Fui desassossegar-me com o último filme de João Botelho.
Sessão de casa cheia no CAE da Figueira da Foz.
Como o próprio cineasta referiu e advertiu, não me identifiquei com o filme, na medida em que não me senti transportado para dentro da tela em algum momento da sua projecção.
Vi e, sobretudo, ouvi sobre as imagens, as palavras de Bernardo Soares.
Momentos houve em que vibrei, momentos houve em que me deixei embalar, outros em que me entusiasmei e outros em que me entediei.
Aznavour, o confronto entre Pessoa e Bernardo Soares, a ópera, o roteiro de Lisboa (cidade de que gosto cada vez mais), Pessoano mas também de Botelho, o olhar penetrante e inquietante de Bernardo Soares/Cláudio Silva, a fantástica criação dos espaços - o quarto e aquela maravilhosa porta e os seus vidros coloridos que pareciam apenas deixar passar o corpo de Bernardo Soares como se este não fosse mais do que uma ilusão corpórea -, os variados personagens, e os diálogos e os textos "ditos", são apenas alguns dos apontamentos de um tempo sem tempo que medeia o início e o fim da projecção.
No final, as emoções e as sensações que ressenti, deixaram um sabor de algo que, algures, em algum momento da vida experimentei, vivi, algo que, se não me desassossegou, pelo menos me inquietou e continua a inquietar. Algo que afinal é...a vida. Como o próprio Pessoa escreveu:
"Temos, todos que vivemos
Uma vida que é vivida
E outra vida que é pensada
E a única vida que temos
É essa que é dividida
Entre a verdadeira e a errada"
Um filme que é uma leitura do "desassossego" de Pessoa e que deve ser visto e revisto e revisto, pois que a cada vez que for visto decerto nos revelará algo mais sobre o nosso próprio desassossego.
Gostei, muito!